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Será Vitor Pereira capaz de manter a tradição e cumprir com o que a história demonstra?


O FC Porto de Vítor Pereira tem do seu lado a história e só lhe resta continuar a fazer da história uma tradição que apenas por oito vezes foi escrita de maneira diferente.
A ultima palavra aos jogadores e ao treinador.

Ao todo são oito as vezes que o líder neste ponto do campeonato não chega ao fim da época na frente. E só num desses casos a distância equivale àquela que o FC Porto tem agora. Em 1958/59, o Benfica de Otto Glória está no primeiro lugar, com mais três pontos – aqui a vitória vale apenas dois – que os dragões. Mas à 23.ª jornada vai a Setúbal e empata (2-2) com o Vitória. No mesmo fim-de-semana, o FC Porto de Béla Guttmann goleia o Belenenses nas Antas. E assim desaparece assim o primeiro dos três pontos de diferença. Na jornada seguinte ambos ganham (Benfica 4-0 Lusitano Évora e Barreirense 1-2 FC Porto), mas o penúltimo jogo dos encarnados é em Alvalade. Enquanto o Sporting vence o dérbi o FC Porto despacha o Sp. Braga (3-2).
As duas equipas só não ficam lado a lado na liderança porque o Benfica-Belenenses (1-1) da 19.ª jornada tem de ser repetido – os azuis protestam um golo mal invalidado pelo árbitro. O empate mantém-se na repetição, por isso fica tudo na mesma na classificação: empatado. FC Porto e Benfica têm os mesmos pontos e nem o confronto directo os separa (0-0 nas Antas e 1-1 na Luz). Tudo se decide pela diferença de golos, na última jornada. No dia mais famoso de Inocêncio Calabote, o primeiro árbitro de futebol a ser banido em Portugal, a Luz assiste a uma tareia do Benfica à CUF (7-1). Na mesma tarde o FC Porto ganha 3-0 em Torres Vedras e é campeão por um golo.
TRADIÇÃO De resto, o Benfica é quem mais sofre com as reviravoltas tardias no campeonato. Das oito épocas em que isso acontece, os encarnados vêem o título fugir em cinco delas. Em 1945/46 há um protagonista alternativo nesta história. A quatro jornadas do fim, o Belenenses recebe o Benfica e vence 1-0. Mais do que isso, rouba o primeiro lugar à equipa da Luz. Depois ninguém pára os azuis: 1-0 nas Antas, 6-0 ao Olhanense, em casa, e 2-1 em Elvas para a festa do título – o único campeonato conquistado pelo Belenenses até hoje.
Vinte anos mais tarde é o Sporting quem desvia o título da Luz, agora para Alvalade. Além de 1959, o FC Porto é responsável pelas últimas duas recuperações. Em 1986, os dragões beneficiam de uma vitória do Sporting na Luz (2-1) para igualar o Benfica e de uma derrota vermelha no Bessa (1-0) para assumir a liderança na última jornada. Na outra, em 1993, uma derrota (Beira-Mar, 1-0) e um empate (Estoril, 0-0) obrigam os encarnados a entregar o título ao FC Porto.
Vítor Pereira tem a responsabilidade de manter uma tradição. Nas três vezes que a equipa portista deixa fugir o título nesta fase – em 1957, 1969 e 1980 – tem apenas um ponto de vantagem. Agora, com quatro a mais que o Benfica, o difícil é não ser campeão.
http://www.ionline.pt/desporto/liga-ja-historia-este-fosso-nunca-foi-tapado